sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A Verdade da Vida


Um jovem recém-casado estava sentado num sofá, num dia quente e úmido, bebericando chá gelado, durante uma visita ao seu pai. Ao conversarem sobre a vida, o casamento, as responsabilidades da vida, as obrigações da pessoa adulta, o pai remexia pensativamente os cubos de gelo no seu copo e lançou um olhar claro e sóbrio para seu filho.
- Nunca se esqueça de seus amigos! - aconselhou. Serão mais importantes à medida que você envelhecer. Independentemente do quanto você ame sua família, os filhos que porventura venham a ter, você sempre precisará de amigos. Lembre-se de ocasionalmente ir a lugares com eles; faça coisas com eles; telefone para eles.
Que estranho conselho! (Pensou o jovem). Acabo de ingressar no mundo dos casados. Sou adulto. Com certeza, minha esposa e a família que iniciaremos serão tudo de que necessito para dar sentido à minha vida!
Contudo, ele obedeceu ao pai. Manteve contato com seus amigos e anualmente aumentava o número de amigos. À medida que os anos se passavam, ele foi compreendendo que seu pai sabia do que falava. À medida que o tempo e a natureza realizam suas mudanças e seus mistérios sobre um homem, amigos são baluartes de sua vida.
Passados 50 anos, eis o que aprendi:
O Tempo passa.
A vida acontece.
A distância separa..
As crianças crescem.
Os empregos vão e vêm.
O amor fica mais frouxo.
As pessoas não fazem o que deveriam fazer.
O coração se rompe.
Os pais morrem.
Os colegas esquecem os favores.
As carreiras terminam.
Os filhos seguem a sua vida como você tão bem ensinou.
MAS... os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo e quantos quilômetros estão entre vocês.
Um amigo nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, e abençoando sua vida!
E quando a velhice chega, não existe papo mais gostoso do que o dos velhos amigos... As histórias e recordações dos tempos vividos juntos, das viagens, das férias, das noitadas, das paqueras. Ah! Tempo bom que não volta mais. Não volta, mas pode ser lembrado numa boa conversa debaixo da sombra de uma árvore, deitado na rede de uma varanda confortável ou à mesa de um restaurante, regada a um bom vinho, não com um desconhecido, mas com os velhos amigos. 
Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabíamos das incríveis alegrias ou tristezas que estavam adiante, nem sabíamos o quanto precisaríamos uns dos outros.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Oração de Todos os Dias


Senhor,
Fazei-me perceber que o trabalho do bem me aguarda em toda parte.
Não me consintas perder tempo através de indagações inúteis.
Lembra-me, por misericórdia, que estou no caminho da evolução com os meus semelhantes, não para consertá-los e sim para atender a minha própria melhoria.
Induza-me a respeitar os direitos alheios, a fim de que os meus sejam preservados.
Dê-me consciência do lugar que me compete, para que não esteja a exigir da vida aquilo que não me pertence.
Não me permita sonhar com realizações incompatíveis com os meus recursos, entretanto, por acréscimo de bondade, fortaleça-me para a execução das pequeninas tarefas ao meu alcance.
Apaga-me os melindres pessoais, de modo que não me transforme em estorvo diante dos irmãos aos quais devo convivência e cooperação.
Auxilia-me a reconhecer que cansaço e dificuldade não podem converter-me em pessoa intratável mas mostra-me, por piedade, quanto posso fazer nas obras usando paciência e coragem acima de quaisquer provações que me atinjam a existência.
Concede-me forças para irradiar a paz e o amor que nos ensinastes, e sobretudo Senhor, perdoa as minhas fragilidades e sustenta a minha fé para que eu possa estar sempre em ti, servindo aos outros.
Amém, que assim seja.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Perdão Filhinho


Esta noite, vendo você adormecer com a mãozinha no rosto e os cabelos espalhados pela testa, sinto-me horrivelmente envergonhado. Por isso é que fugi para o seu quarto, para estarmos sozinhos os dois. Ainda há pouco, estava lendo o jornal na sala, quando, de repente, o remorso me dominou, e vim, como um criminoso, parar aqui, perto de sua cama. Sabe o que eu pensava? Em todas as coisas que hoje me irritam tanto. Esta manhã, quando você se preparava para a escola, eu o repreendi severamente porque você lavara o rosto como um gato. Depois, eu o pus de joelhos, porque você não engraxara os sapatos. E fiz um escândalo, porque você derrubou leite no chão. Na hora do almoço, ainda achei jeito de censurá-lo: "Você vai entornar o copo. Não ponha os cotovelos na mesa. Você está pondo muita manteiga no pão". Pouco depois, quando eu entrava no carro, você, da porta, abanou a mãozinha, dizendo: "Até logo papai!". E eu respondi: "Endireite os ombros. Você acaba corcunda!".
E a coisa continuou. De tarde, vendo-o jogar bola de gude com os amigos no pátio, olhei os seus joelhos; você havia rasgado a calça! Aproveitei a oportunidade para humilhá-lo diante dos amiguinhos, ordenando-lhe que fosse, andando na minha frente, para casa. "Roupas custam caro. Se você tivesse de comprá-las, teria mais cuidado". Imagine, meu bem, da parte de um pai, que lógica mais estúpida.
E esta noite, enquanto eu estava lendo, você apareceu timidamente na porta da sala, com uma carinha passada. Levantei os olhos do jornal, aborrecido por me interromper. Você hesitou um instante, "O que você ainda quer comigo?", resmunguei. Você respondeu: "Nada, papai!", e então se atirou no meu colo, passou os bracinhos em torno do meu pescoço e me beijou uma, duas, três vezes... Não sei mais. Com um amor que só Deus podia ter posto no seu coração. E você logo se foi, escada acima. Pois bem, meu filho, só alguns minutos mais tarde o jornal caiu-me das mãos, senti aquele arrepio no coração e tomei consciência do meu terrível egoísmo.
Que foi que o hábito fez de mim? O mau hábito de queixar-me, de reclamar, de repreender e tudo isso porque você é apenas uma criança! No entanto, não era por falta de amor, mas porque eu esperava demais da sua idade! Eu o media com a minha escala e estou bem triste comigo, pode crer.
Prometo que, a partir de amanhã, nem meus aborrecimentos prevalecerão sobre o amor que tenho por você. E darei a você todo o tempo que me pedir.
Perdão, filhinho. Boa noite, meu bem.